Opinião
Desculpe-nos...

Matamos seu filho...pai...marido...sogra...

Quando criança, na fase das briguinhas com colegas, a gente se sente de alma lavada quando pede e recebe ou quando concede desculpa ao ofensor, geralmente por uma bolachada bem merecida. Trata-se de uma demonstração de arrependimento, por considerar o seu semelhante mais importante de que sua vingança pessoal.

As fases da vida e a posição não tiram dos humanos sua capacidade de reconhecer erros. Só que não se pode banalizá-los confiantes no posterior pedido de desculpa. Na Administração Pública também é assim.

Os governos americanos banalizaram o pedido de desculpa por seus atos de horror, indesculpáveis na maioria. Tornou-se um clichê. Quase sempre copiadoras das coisas ruins americanas, as autoridades brasileiras passaram a usar o pedido de desculpa como único ato administrativo de reparação por grosserias, atuação perniciosa e por crimes gravíssimos praticados por seus agentes.

No final de 2007 seis policiais militares, Gerson Gonzaga da Silva, Emerson Ferreira, Ricardo Ottaviani, Maurício Augusto Delasta e Juliano Arcângelo Bonini, chefiados pelo tenente Roger Marcel Vitiver Soares de Souza invadiram a casa de Carlos Rodrigues Junior, em Bauru, interior de São Paulo, sem, e mesmo que fosse com ordem judicial, e o mataram trancafiados num quarto, na presença da mãe e da irmã, que nada puderam fazer a não ser ouvir gemidos de um ente querido até a morte.

No Pará uma adolescente de treze anos foi trancafiada com mais de vinte homens numa delegacia. Juizado, promotoria, delegacia, todo mundo tinha conhecimento e nenhum fez alguma coisa para impedir que ela ficasse um mês sendo estuprada, seviciada, queimada. Em Goiás, uma delinqüente empresária e sua empregada arrancavam pedaços da língua de uma criança com alicate e outras torturas dessa natureza. No Rio de Janeiro, alguns facínoras do Exército deram a vida de um jovem de presentinho a traficantes. E no mesmo Rio a Polícia Militar, frise-se, em “revide”, matou João Roberto Amorim, uma criança de três anos, como se fosse um assassino perigoso. Depois, bem em seguida, mataram o engenheiro. E tantos outros.

Tão simples quanto esses atos bárbaros foram praticados por todos esses bandidos, a principal medida tomada pelas autoridades envolvidas: um pedido de desculpa. Passou da hora da sociedade presentear alguém com essas autoridades. O leitor poderia sugerir a quem. Depois, é só pedir desculpa.

 

Pedro Cardoso da Costa

Bel. Direito

Veja Também

De acordo com o relatório apresentado, as receitas totais em 2022 atingiram o montante de...
A capital do estado sofre com onda de violência; 277% de aumento nos dois primeiros meses do ano...
A credencial é a autorização especial para que os veículos conduzidos por idosos ou que os...
O bairro contemplado Vila Azul estará com as ruas interditadas até o dia 11 de março, com as devidas...
O objetivo do encontro foi alinhar as principais necessidades dos municípios tocantinenses, tendo...
Para a vereadora Elaine Rocha o projeto transforma a vida de jovens do município. “O projeto é...
O governador parabenizou o trabalho da Marinha e destacou a contribuição e importância da...
Os dez artigos apresentados como sugestão ao Executivo tratam das novas regras para servidores que...
Para os cidadãos que estão na base de dados de inadimplência da Serasa e que necessitam negociar...
Publicado no Diário Oficial do Estado na segunda-feira, 27, o novo gestor da Secretaria Estadual do Trabalho...