Opinião
Cultura desemplacada

Resido em Gurupi, no Estado de Tocantins, desde 1983 e desde então tenho reparado a existência de uma prática que estranhamente parece está enraizada na cultura dos prefeitos da cidade: o desaparecimento de placas inaugurais de outras administrações.

O curioso é que a "cultura do desemplacamento" é uma das heranças que a esmagadora maioria dos políticos tocantinenses herdou de Goiás, inclusive, não sendo "privilégio" isolado dos gestores públicos que ao longo dos 50 anos de emancipação de Gurupi, passaram pela Prefeitura da cidade.

Nas demais cidades do Tocantins, todas, sem exceção, inclusive na capital, Palmas, há registros de desaparecimento misteriosos ou não, de placas que serviram para inaugurar algum tipo de obra.

Salvo engano, o prefeito de Gurupi que mais foi "desemplacado" depois que concluiu o seu mandato, foi o Tadeu Gonçalves. Não vou entrar no mérito se as obras inauguradas por Tadeu mereciam ou não uma placa de inauguração.

Mas o fato é que, quando João Cruz sucedeu Tadeu, parece que houve uma verdadeira caça às bruxas, ou melhor, às placas. Até as duas placas que registravam a inauguração do "Defundótromo", digo, Centro Cultural Mauro Cunha foram surrupiadas sem dó, nem piedade.

Os ladrões nem levaram em consideração que o meu nome estava escrito nessas placas, vez que, na época (1998) eu presidia o Conselho Municipal de Cultura.

Outras duas "vítimas" de desaparecimento de placas inaugurais são as escolas estaduais Custódio Ribeiro e Waldir Lins, construídas ainda na época de Goiás, no governo de Iris Rezende Machado e inauguradas pelo então prefeito Jacinto Nunes.

Após a criação do Estado do Tocantins, ambas as escolas passaram por várias reformas e ampliações em governos diferentes e ganharam novas placas inaugurais. Mas as placas que as antecederam não estão ali para registrar a história.

Também é com tristeza que constato o desaparecimento das placas com o registro dos nomes dos primeiros formandos da FAFICH, hoje, Centro Universitário UnirG. Ficaram apenas (e por enquanto), só aquelas placas com os nomes dos administradores da instituição na inauguração de alguma obra.

Agora, com a mudança do Campus I para o novo Campus da UnirG no Parque das Acácias, não me surpreenderia se também essas placas desaparecessem no caminho, igual a cachorro vira-latas que cai de cima do caminhão de mudança.

 

Zacarias Martins 

Escritor e jornalista

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